A INVERSÃO SEXUALEstudos Médico-Sociaisadelino Pereira da Silva
Com a publicação de A Inversão Sexual, em 1895, Adelino Pereira da Silva foi pioneiro em Portugal no estudo da homossexualidade . O tema, mais precisamente, a pederastia, já havia sido abordado no romance de Abel Botelho, O Barão de Lavos, de 1891, mas seria só em 1902 que Egas Moniz lhe daria tratamento científico, dedicando à homossexualidade um capítulo de A Vida Sexual, obra que se manteria canónica durante muitos anos, com sucessivas reedições. Como Adelino Pereira da Silva refere: “É pois com este fim que escrevemos. Em Portugal, nada havia ainda feito sobre o assunto, seduziu-nos a novidade e a precisão de um estudo assim; fomos ousados e tentámo-lo. Sirva-nos a ousadia para encobrir a incompetência.” Mas Adelino Pereira da Silva revelou-se ousado também pela coragem que demonstrou ao abordar publicamente um assunto que, à época, era um enorme tabu. Ele mesmo tem consciência disso ao referir: “Poderão chamar-nos imorais por pormos a nu tantas feridas gangrenosas, mas se a imoralidade é isto, se quem condena os podres da sociedade, fornecendo meios para purificá-la, se pode considerar um imoral, bendita imoralidade!”
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ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
Os primeiros estudos modernos sobre a homossexualidade datam de 1836, quando Heinrich Hossli, um chapeleiro suíço, publicou o seu livro Eros, onde fazia um estudo do “amor grego” e defendia publicamente o amor entre homens. O seu livro foi proibido e os exemplares restantes nas livrarias, queimados. Seria Karl Heinrich Ulrichs, utilizando o pseudónimo Numa Numantius, que daria o impulso decisivo à investigação científica sobre a matéria, com a publicação na Alemanha, a partir de 1864, de um conjunto de 12 ensaios intitulado Estudos sobre o Enigma do Amor entre Homens. Na sua senda, primeiro, Carl Westphal, a partir de 1870, com os seus artigos na revista Arquivo para a Psiquiatria de que era editor, e depois Krafft-Ebing (Psicopatia Sexual, 1877), Albert Moll (O Sentimento Sexual Contrário, 1893), Havelock Ellis (Inversão Sexual, 1896) e Marc André Raffalovich (Uranismo e Unisexualidade, 1896), fizeram uma abordagem científica ao uranismo e à inversão sexual, analisando e descrevendo as centenas de casos que observaram. Esta vaga de interesse sobre o assunto culminou em 1914, com a publicação do tratado A homossexualidade dos Homens e das Mulheres, de Magnus Hirschfeld, que estabeleceu definitivamente o termo “homossexual”, que havia sido proposto em 1869 por Karl-Maria Kertbeny.
SOBRE O AUTOR
ADELINO PEREIRA DA SILVA
Sobre o autor, Adelino Pereira da Silva, não chegou aos nossos tempos muita informação. Dos arquivos da Faculdade de Medicina do Porto consta que era filho de Francisco Pereira da Silva e natural de Leiria, e que em 1895 publicou a sua dissertação inaugural à Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Por um trecho do Legado Alqueidanense, sabemos que em 1898-99 era “facultativo do partido médico de Porto de Mós”, ou seja, teria regressado ao distrito onde nascera para exercer medicina a contrato da Câmara Municipal. Em 1902, surge a responder a um inquérito sobre a prostituição, ainda em Porto de Mós, levado a cabo pelo médico Ângelo Fonseca. E mais não sabemos...
FICHA TÉCNICAA Inversão Sexual: Estudos Médico-Sociais, de Adelino Pereira da Silva.
1ª edição, 2014, Coordenação, introdução e notas: João Máximo e Luís Chainho Revisão: Patrícia Relvas Copyright © João, Máximo e Luís Chainho, 2014, Todos os direitos reservados. ISBN: 978-989-8575-37-1 (ebook) ISBN: 978-989-8575-38-8 (papel) |
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