ELVIS SOBRE A BAÍA DE GUANABARA
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eXTRATO
Elvis sobre a Baía de Guanabara
"Elvis voava sobre a Baía de Guanabara. Eram seis e quarenta e cinco da manhã, eu levantei-me para ir beber um copo de água e abeirei-me da janela do quarto do hotel, atraído pela primeira luz da aurora que atravessava as cortinas. E vi claramente Elvis voando sobre a Baía, desde o Pão de Açúcar até à Ilha do Governador, planando rasante sobre o Aterro de Botafogo. Usava um dos seus fatos brancos com incrustações brilhantes, da fase Las Vegas, que refulgia aos primeiros raios de sol, e aproveitava as mangas em asa de morcego para ganhar sustentação.
(...)
Será possível que alguém tenha dormido ao meu lado esta noite? Apuro o ouvido na busca dos sons que os corpos sempre fazem quando se deslocam no interior das casas. Nada, apenas a voz de Elvis no rádio do vizinho. Abro bruscamente a porta da casa de banho. Vazia, claro. Mas essa mancha escura de pele no lençol, então, como explicá-la?
Corro à janela, a tempo de ver a fugaz e esvoaçante figura de Elvis desaparecer para os lados do Arpoador. Volto à cama. Sacudo os restos da mancha vazia e acastanhada, e aliso o lençol no lado da cama que não ocupo. Fecho os olhos e sinto-me sereno. Sereno e satisfeito, pela certeza de que vi Elvis voar, vivo e reluzente aos primeiros raios de sol do dia, sobre a Baía de Guanabara."
"Elvis voava sobre a Baía de Guanabara. Eram seis e quarenta e cinco da manhã, eu levantei-me para ir beber um copo de água e abeirei-me da janela do quarto do hotel, atraído pela primeira luz da aurora que atravessava as cortinas. E vi claramente Elvis voando sobre a Baía, desde o Pão de Açúcar até à Ilha do Governador, planando rasante sobre o Aterro de Botafogo. Usava um dos seus fatos brancos com incrustações brilhantes, da fase Las Vegas, que refulgia aos primeiros raios de sol, e aproveitava as mangas em asa de morcego para ganhar sustentação.
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Será possível que alguém tenha dormido ao meu lado esta noite? Apuro o ouvido na busca dos sons que os corpos sempre fazem quando se deslocam no interior das casas. Nada, apenas a voz de Elvis no rádio do vizinho. Abro bruscamente a porta da casa de banho. Vazia, claro. Mas essa mancha escura de pele no lençol, então, como explicá-la?
Corro à janela, a tempo de ver a fugaz e esvoaçante figura de Elvis desaparecer para os lados do Arpoador. Volto à cama. Sacudo os restos da mancha vazia e acastanhada, e aliso o lençol no lado da cama que não ocupo. Fecho os olhos e sinto-me sereno. Sereno e satisfeito, pela certeza de que vi Elvis voar, vivo e reluzente aos primeiros raios de sol do dia, sobre a Baía de Guanabara."
COMENTÁRIOS DOS LEITORES
"Grandioso. Belíssimas histórias de amor. Emocionei-me, chorei, li várias vezes o mesmo conto.
O Miguel é um fabuloso escritor, dotado de grande sensibilidade e com uma escrita irrepreensível."
- Margarida
O Miguel é um fabuloso escritor, dotado de grande sensibilidade e com uma escrita irrepreensível."
- Margarida
MIGUEL BOTELHOMiguel Botelho nasceu no ano em que os Beatles gravaram Love Me Do, o que marcaria radicalmente a sua vida. Vive em Coimbra, mas habituou-se à contrariedade. Procrastina por vocação e serve o estado provocação. Escreve histórias vagas nas horas curtas. Publicou em 2011, Ilha: Narrativa, em prosa e em verso, de uma viagem de regresso (edição de autor).
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