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Clássicos de Literatura Gay
17

O Barão de lavos 

Abel Botelho
Introdução de Fernando Curopos 
Sebastião de Castro e Noronha, o Barão de Lavos, um nobre descendente de duas das mais antigas e importantes famílias da nobreza nacional, não consegue resistir aos encantos de Eugénio, um jovem vendedor de cautelas que encontra no Passeio Público. Depois de o seduzir, arranja-lhe um apartamento no Bairro Alto, enche-o de presentes, veste-o a rigor e ensina-o a comportar-se em sociedade. Mas o jovem é muito ambicioso e o seu comportamento impiedoso e mercenário causará grande infelicidade ao barão, levando à destruição do seu casamento e à ruína da sua posição social.
 
“Era um amor estranho, dissolvente, enorme, de uma acuidade que fazia sofrer. Um misto extravagante de submissão e de império, de adoração e de lascívia, que prendia o barão àquele indivíduo do mesmo sexo por laços mais poderosos do que quantos nos serve a História como exemplos de ligação admirável entre homem e mulher.”
 
O romance “O Barão de Lavos”, de Abel Botelho, foi publicado em 1891 e causou imediatamente um grande escândalo por tomar para tema principal a homossexualidade, algo considerado literariamente deselegante à época. O sucesso de vendas levou à publicação de uma segunda edição, corrigida, logo em 1898, pela Livraria Chardron. Este romance de Botelho, o primeiro volume da série “Patologia Social”, é considerado como um dos primeiros romances portugueses de temática LGBTQ+, depois do surpreendente “Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha”, de Arsénio de Chatenay, publicado em 1877.

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EXCERTO

CAPITULO VII.

Henrique Paradela deixou‑o e tomou rua do Oiro acima.
As versões que corriam sobre a vida do seu velho amigo preocupavam-no. — O Sebastião sodomita!... agora, os trinta anos passados… quando tinha obrigação de pender para homem sério!... Não podia ser. — E formulava, teimosamente alevantava no sobressalto magoado do seu espírito uma tolerante arquitetura de argumentos, aclarações, desculpas à ostensiva depravação do amigo. — O Sebastião fora sempre aquilo: uma excelente alma, indisciplinada, fogosa, com caprichos súbitos de fazer bem, com indomáveis impulsos generosos, que exercia num desprezo incondicional do mundo das conveniências, numa indiferença absoluta do que poderiam dizer… Nunca lhe havia de esquecer aquela história da Hermínia, uma pobre rapariga de quinze anos, com quem o barão, em solteiro, defrontara por acaso numa das suas excursões pela boémia do amor... Tinha sido mãe, poucos dias antes. O infame, a quem a desgraçada cedera a virgindade, dera‑lhe como prémio da oblata sublime o gérmen prolífico e o abandono. Ela fora empenhando e vendendo tudo, sucessivamente, desde as graças do corpo até à última camisa. Agora sucumbia à febre e à miséria, no enxovalho de uma alcova imunda de bordel. Pois o barão, apiedado, socorreu‑a, forneceu‑lhe médico, vestiu‑a, pôs‑lhe uma casita no campo, afrontou mesmo a opinião pública levando‑a a distrair a toda a parte; e nem uma só vez quis regalar os sentidos nos seus encantos de mulher! A rapariga, sem compreender, a estalar de dedicação, vexada, triste, chegou a pedir‑lhe com lágrimas que a amasse, que lograsse na pujança juvenil da sua carne a soma de prazer a que tinha direito, que consentisse em tomar‑lhe nos paroxismos da ternura a medida da gratidão… Ele recusou sempre: — não a protegera com essa mira; excluía uma retribuição grosseira a natureza do benefício… se algum lhe tinha feito. — Podia ser agora isto do rapaz um caso análogo, uma veleidade caritativa, um exagero de proteção.
Mas a casa da rua da Rosa?... — Ante esta interrogação, a consciência de Henrique assustava‑se e as atenuações ruíam na dúvida. O seu temperamento pautado, meticuloso e calmo tremia pelo equilíbrio da sua existência, posta assim em contacto com um homem de vida irregular, desacreditado; o seu nobre coração de amigo tremia na previsão de um escândalo insanável, destroçando a paz honesta do casal de S. Cristóvão.
Passava em frente do Montepio Geral, de onde precisamente o barão saía. Abraçou‑o Henrique:
— Adeus, Sebastião!



​Este empalideceu um pouco, embaraçado.
— Por aqui?!... Como vão lá em casa?
— Bem… e a baronesa?
— Menos mal. Aonde vais?
— Vou meter-me num trem e buscar a Leonor… Fazer umas visitas… Há que tempos que andamos para isto! É uma vergonha… E tu?
— Sem destino. Acompanho-te ao trem.
Seguiram para o Rossio, de braço dado, silenciosos, laborados no mesmo embaraço. A primeira vez que, entre os dois, uma reserva cabia. Por fim, Henrique, num movimento claro, parou, e, tomando para si o amigo:
— Ouve lá, ó Sebastião, dize-me com franqueza… — Fitava‑o nos olhos. — Que espécie de relações são estas tuas com esse Eugénio?
— Não to disse já?... Recomendaram-mo: preciso ampará‑lo… — E nem sei porque é tamanho espanto! porque não acompanhe com ele… É tão bom rapazinho! — Dizendo, o barão baixava os olhos à ponteira da bengala, com que fingia percutir distraidamente o lajedo do passeio.
Henrique tornou:
— E esse segundo andar, no Bairro Alto?
— Ó filho, tenho‑o há muito tempo — que diabo!... Ninguém tem nada com isso… Sei fazer as coisas… Olha se alguém deu por tal?... Nem tu!
— Mas…
— É verdade… levava lá mulheres. — Henrique teve um gesto de desgosto. — Agora instalei nele o rapaz. Forrei-me a procurar‑lhe casa noutra parte e, — acrescentou de ironia, — acabei com a imoralidade!... Ora aí está.
Henrique, muito sério, com uma energia forçada, insistiu:
— Sebastião! olha bem para mim… Isso é verdade?
— Pois não é! — exclamou o barão, olhando o céu, sem encarar o amigo.
— Não tens com ele…? 
— Não!... Já te disse, — ando a ver se lhe arranjo um emprego…
— Em todo o caso, vê lá… Sabes que falam… Toma conta!
— Ora adeus!
— És casado…
E o barão, irritando‑se:
— Que maçadores moralistas!
Henrique, pensativo, acabara por acreditar o amigo. — No fim de contas, era a coisa mais natural e simples ter o barão arranjado casa ao rapaz… Isto, o mundo!... Que cegueira de gente!... só pelo prazer de dizer mal!
Fechou sobre si a porta do coupé em que tinha entrado, e, de mão para fora, estendida ao barão:
— Desculpa…
Picture
Retrato de Abel Botelho, em O Barão de Lavos, Porto, Livraria Chardron, 3.ª edição (1908) (fonte: Wikipédia, em domínio público)

Abel Botelho

​Abel Botelho (1854—1917) foi um coronel de Estado-Maior do Exército, escritor, político e diplomata português. Representante em Portugal do realismo extremo, conhecido como Naturalismo, escreveu, entre outros, o “O Barão de Lavos” (1891), um dos primeiros romances de temática homossexual, e “O Livro de Alda” (1898), ambos na série “Patologia Social”.
Saber mais

FICHA TÉCNICA

O Barão de Lavos, de Abel Botelho. 

​Nova edição integral, revista e anotada, a partir da 2.ª edição, corrigida, de 1898, da Livraria Chardron, de Lello & Irmãos, Porto.  

Edição INDEX ebooks, 2023, revisão e notas de João Máximo e Luís Chainho.
380 páginas
Copyright © 2023, João Máximo e Luís Chainho, Todos os direitos reservados.

ISBN: 979-8215272930 (ebook)
ISBN: 979-8861892698​ (capa mole)
ISBN: 979-8862107203 (capa dura)

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