Capa por Murilo Guerra (ver portfolio)
PROMOÇÃO LIMITADAapenas em algumas lojas online
|
Oito Minutos
Fabiula BortolozzoDepois do seu sucesso com Bella Donna: Amor no Feminino, Fabiula Bortolozzo regressa ao romance em cenário histórico com Oito Minutos, desta vez acompanhando as feridas que nunca cicatrizaram de uma mulher que amou profundamente outra mulher.
«Nesse momento, Clarissa fez uma pausa, respirou fundo, me deu um beijo no pescoço e me abraçou tão forte que chegou a doer. “Você sabe que oito minutos é o tempo que a luz demora a chegar do Sol até à Terra? Se o Sol explodisse, a Terra permaneceria mais oito minutos recebendo os raios de um Sol que já não existiria mais. E ela me disse que levaria oito minutos para voltar. No entanto, não voltou. Nem em oito minutos, nem em oito horas, nem em oito dias. Simplesmente, desapareceu sem deixar sinal."» |
Clique nos logos para encomendar.
EXCERTO
Na primeira manhã, acordei com um barulho de pratos que vinha do andar de baixo, e nem precisei me virar para ver que era cedo, a luz do dia estava apenas se anunciando pela veneziana. Quando desci para o café, não havia ninguém na sala de refeições, apenas uma moça com o cabelo em coque que ia e vinha com bules e pratos. (...)
Quando estava terminando minha refeição a moça apareceu novamente. “Seu café estava excelente, obrigada. Que caminhos você indicaria para passear em meu primeiro dia aqui?” Ela me deu um sorriso e uma série de opções, suficientes para o mês todo. Resolvi, antes de tudo, ir nadar na enseada. O sol já havia esquentado naquele começo da manhã. Só depois faria a minha excursão pela vila. A enseada estava completamente tomada pelo azul, e quanto mais a vista ia ao encontro do horizonte mais o azul se aprofundava, como se o mar e o céu fossem um só. Além de duas crianças pulando, não havia ninguém por perto. Deixei minhas tralhas na areia e fui ao encontro da água. Só então me dei conta de que havia alguém boiando não muito longe de mim, e reconheci de imediato a dona da pensão. Ela parecia completamente alheia a tudo, aos sons que vinham do mar, aos gritinhos das crianças na areia, à minha presença. Assustou-se quando me aproximei a nadar. “Desculpe, não quis atrapalhar.” Meu embaraço era tal que foi tudo o que me ocorreu dizer. “Não tem de o que se desculpar, eu já estava de saída, quero pegar um pouco de sol antes que esquente mais.” |
Foi saindo do mar e, com um gesto, me convidou para sair também. As crianças, que a essa altura faziam castelos que insistiam em cair, a cumprimentaram, e fiquei sabendo seu nome, Clarissa. Sentamo-nos lado a lado na areia e ficamos a olhar o sem fim do mar. “Faz tempo que você tem a pensão?” perguntei. “Quinze anos, mas eu moro aqui há mais tempo.”
Ela abriu uma cesta que tinha algumas frutas e água, ofereceu-me morangos e se pôs a falar sobre como aquele lugar convidava ao isolamento, talvez por ser tão bonito que as pessoas acabavam não querendo repartir com ninguém, ou talvez por ser tão longe do resto do mundo. Contou-me que, apesar de tudo, a vila mudara muito desde que ela ali chegara, ainda jovenzinha, com os cabelos até a cintura e uma sacola ao ombro. Outras pessoas chegaram, outras partiram, ou morreram, casas foram derrubadas para dar lugar a outras casas. A modernidade alcançara a maioria dos residentes, mas ela tentava se abstrair das mudanças e continuava levando a sua vida como antes, mesmo com a Internet e a TV por assinatura presentes na pensão. “Bom, acho que já falei mais do que estou acostumada, agora tenho de voltar para os meus afazeres em casa. Vejo você mais tarde, na pensão.” Levantou-se e foi caminhando ligeira, como se seus pés não tocassem a areia. Me deixou muda, querendo ouvi-la contar mais sobre aquele lugar, sobre a gente que ali vivia, sobre ela. |
Fabiula BortolozzoFabiula Bortolozzo nasceu em 1970, em uma casa em que se lia, no máximo, o jornal de domingo. Sua adoração pelos livros e pela leitura fez com que, quando criança, preferisse se trancar na biblioteca da escola do que brincar com as outras crianças. Sua carreira de bookaholic fez com que as palavras sempre a ultrapassassem, até que optou por contorná-las e colocá-las na tela em branco. Foi selecionada para a oficina de criação de perfis da FLIP (Feira Literária de Parati) de 2010 e para a oficina de escrita com o escritor Luis Ruffato, em 2011. Vive em Curitiba com seus cães.
|
FICHA TÉCNICAOito Minutos, de Fabiula Bortolozzo
Capa: Murilo Guerra (ver portfolio) Edição e revisão: João Máximo, Luís Chainho e Patrícia Relvas 1ª edição, 2016, © Copyright de João Máximo e Luís Chainho, 2016, Todos os direitos reservados. ISBN: 978-989-8575-77-7 (ebook) ISBN: 978-1541278332 (papel) |
PRÉ-VISUALIZARClique na imagem à esquerda para pré-visualizar no Google Livros.
|