POEMAS HOMOERÓTICOS ESCOLHIDOSPaulo Azevedo Chaves / Raimundo de Moraes
Poemas Homoeróticos Escolhidos é uma coletânea de poesia que reúne sete poemas de Paulo Azevedo Chaves, publicados anteriormente em livros de sua autoria, para além de seis inéditos. Do mesmo autor, constam do volume oito traduções publicadas em livros anteriores, a partir de 1984, de grandes poetas como Walt Whitman, Abu Nuwas, Federico Garcia-Lorca, Luís Cernuda, Jean Genet, Constantino Cavafy ou Paul Verlaine . Os textos foram traduzidos do inglês, francês e espanhol. Os poemas selecionados por Raimundo de Moraes para esta coletânea foram publicados em dois livros de sua autoria, ambos lançados no Recife, em 2010: Baba de Moço (com assinatura de seu heterónimo Aymmar Rodriguéz) e Tríade. Na secção In Memoriam são homenageados dois poetas que se destacam, respectivamente – o brasileiro Cassiano Nunes e o mestre português António Botto. Um poema famoso de cada um deles consta desta secção.
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eXCERTO
O Amor não se Improvisa
Pus a cabeça em seu regaço cingiu-me o corpo com o braço. Tirou-me as vestes, despiu-se de recato. O amor, porém, não se improvisa E o beijo, se frio, martiriza. Foi tudo embaraçoso e muito chato. - Paulo Azevedo Chaves |
Masô
É um número 42 de pele alva e unhas perfeitas É um número 42 para ser lambido e louvado Rastejo, babo os dedos longos (se pisar em mim eu me apaixono) - Aymmar Rodriguéz |
cOMENTÁRIO DO AUTOR
A Propósito de Meus Poemas Recentes
Ao escrever os versos de Show Sadomasoquista de Dois Jovens Ianques, Pornô para Marcelo, A Todos Amei, Todos são Bem-vindos, Ejaculação Precoce, Taras Familiares e Agitos de Sábado à Noite, eu procurei seguir à risca o conselho de Keats no dístico final de sua bela Ode Sobre uma Urna Grega, onde está escrito: “Beleza é verdade, verdade, beleza, – isso é tudo / Que sabeis na terra e tudo que precisais saber”. O que muitos certamente enxergarão como vulgaridade, indecência, obscenidade, para mim nada mais é do que a busca de uma linguagem visceral em consonância com o que pretendo exprimir – a realidade nua e crua do sexo, que deve prescindir de eufemismos e de termos e construções verbais bem comportados e/ou eruditos para descrevê-la e para exprimi-la. Entre quatro paredes, os homens, via de regra, transam como gatos – com brutalidade e sem meias ações, deixando aflorar o instinto despojado das barreiras do convencionalismo. Para descrever esse momento íntimo e brutal do sexo, seja ele homo ou heterossexual, usei uma linguagem igualmente íntima e brutal e, desse modo, na verdade do verbo encontro a beleza preconizada por Keats. Pois para mim, embora nem sempre beleza seja verdade, Verdade (com V maiúsculo) é sempre beleza.
~ Paulo Azevedo Chaves
Ao escrever os versos de Show Sadomasoquista de Dois Jovens Ianques, Pornô para Marcelo, A Todos Amei, Todos são Bem-vindos, Ejaculação Precoce, Taras Familiares e Agitos de Sábado à Noite, eu procurei seguir à risca o conselho de Keats no dístico final de sua bela Ode Sobre uma Urna Grega, onde está escrito: “Beleza é verdade, verdade, beleza, – isso é tudo / Que sabeis na terra e tudo que precisais saber”. O que muitos certamente enxergarão como vulgaridade, indecência, obscenidade, para mim nada mais é do que a busca de uma linguagem visceral em consonância com o que pretendo exprimir – a realidade nua e crua do sexo, que deve prescindir de eufemismos e de termos e construções verbais bem comportados e/ou eruditos para descrevê-la e para exprimi-la. Entre quatro paredes, os homens, via de regra, transam como gatos – com brutalidade e sem meias ações, deixando aflorar o instinto despojado das barreiras do convencionalismo. Para descrever esse momento íntimo e brutal do sexo, seja ele homo ou heterossexual, usei uma linguagem igualmente íntima e brutal e, desse modo, na verdade do verbo encontro a beleza preconizada por Keats. Pois para mim, embora nem sempre beleza seja verdade, Verdade (com V maiúsculo) é sempre beleza.
~ Paulo Azevedo Chaves
PAULO AZEVEDO CHAVESPaulo Azevedo Chaves nasceu no Recife, em 1936. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), jornalista e poeta, assinou no Diário de Pernambuco, nos anos 70/80, a coluna cultural Poliedro e também a coluna Artes e Artistas, especializada em artes visuais. Publicou diversos livros de poesia entre 1982 e 2011. Atualmente, trabalha como Consultor Adjunto e tradutor numa indústria em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco.
rAIMUNDO DE MORAESRaimundo de Moraes, jornalista e publicitário, é um dos editores do portal literário Interpoética. Vem da eclética geração do Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco, que agitou as ruas do Recife na década de 1980. Publicou dois livros de poesia e participou em diversas coletâneas. Recebeu os prémios Canon de Poesia 2010; Concurso Nacional Carlos Drummond de Andrade (Sesc-DF-seleção 2008) e Off-Flip 2008 (Paraty, RJ), onde obteve o primeiro lugar na categoria Poesia nacional-exterior.
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