Visconde de Vila-Moura
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VISCONDE DE VILA-MOURABento de Oliveira Cardoso e Castro Guedes de Carvalho Lobo (Baião, Grilo, 8 de novembro de 1877 — Porto, 3 de setembro de 1935), primeiro e único visconde de Vila Moura, formado em Direito, foi um político, intelectual e escritor decadentista, que, entre outras funções foi deputado às Cortes da Monarquia Constitucional. Correspondente de Fernando Pessoa, foi cronista de a A Águia e autor de uma vasta e fecunda obra como escritor, novelista, contista, cronista e crítico literário. De entre as suas obras destaca-se Nova Safo (1912), pela coragem na abordagem dos temas do lesbianismo, necrofilia e homossexualidade masculina, que provocou escândalo à época.
A mais importante fonte de informação sobre a vida do Visconde de Vila-Moura é o livro do seu amigo, João Alves, intitulado O Génio de Vila Moura: Meditação sobre os Problemas da Literatura Contemporânea, que foi publicado dois anos após a morte do autor. Anna M. Koblucka refere que João Alves foi, “aparentemente, o último de uma série de companheiros masculinos que viveram com Vila-Moura em Porto Manso e que o acompanharam nas suas longas viagens pela Europa” e que o seu livro se debruça mais sobre “o cenário de vida meticulosamente estilizado do visconde, que funde a estética medieval do Douro com infusões cosmopolitas, tal como quando torsos nus de trabalhadores rurais são comparados por Alves às estátuas de mármore que Vila-Moura apreciou em Florença, ou quando Louis Fabulet, o tradutor francês dos poemas Cálamo, de Walt Whitman, veio de Veneza em visita e foi brindado pelo seu anfitrião com danças pelos «rudes das terras» durienses”. Obras do autor: A Moral na Religião e na Arte (1906), A Vida Mental Portuguesa (1908), Vida Literária e Política (1911), Nova Safo (1912), Doentes da Beleza (1913), Camilo inédito (1913), Boémios (1914), António Nobre (1915), Grandes de Portugal (1916), Fialho de Almeida (1916), As cinzas de Camilo (1917), Fanny Owen e Camilo (1917), Os Últimos (1918), Obstinados (1921), Teixeira Lopes (1923), Pão Vermelho (1924), Um Homem de Treze Anos (1924), Cristo de Alcácer (1924), Calvário de um Violento (1924), Almas do Mar (1924), O Imaginário (1924), Irmã das Árvores (1924), Uma Família de Ibsen (1924), Luz Fremente (1924), “Palma Mater” (1924), O Poeta da Ausência (1926), Cariátide (1927), Entre Mortos (1928), Raiz em Flor (1931), O Pintor António Carneiro (1931), O Incêndio (1933), Dor Errante… (1933), Piedade (1934), Novos Mitos (1934). |
COMENTÁRIOS DA CRÍTICA
Sobre Nova Safo, Anna M. Koblucka escreve que é “a primeira e, de longe, a mais ambiciosa obra literária de Vila-Moura, bem como o seu único romance” e que é “uma obra literária quase esquecida, considerada como o único romance decadente da literatura portuguesa (…) que merece ser resgatado do esquecimento por uma grande variedade de razões, não sendo uma das menores a figura inédita (e única, mesmo no século seguinte da literatura lusófona) da sua protagonista, uma lésbica intelectualmente e sexualmente assertiva e uma poetisa genial.”
- Anna M. Koblucka, Nova Sapho and Her Kind: Decadence and the Politics of Gender in Portuguese Modernism (Keynote lecture, VI International Conference of the Association of British and Irish Lusitanists, University of Exeter, 7-8 September 2015)
- Anna M. Koblucka, Nova Sapho and Her Kind: Decadence and the Politics of Gender in Portuguese Modernism (Keynote lecture, VI International Conference of the Association of British and Irish Lusitanists, University of Exeter, 7-8 September 2015)