| "Não tenho dúvida nenhuma de que entre 60 a 70% dos portugueses que estiveram na guerra colonial tiveram relações homossexuais. Não estou a dizer que se tornaram homossexuais ou que eram homossexuais... tiveram relações homossexuais" afirma João Carlos Roque no excelente documentário de André Oliveira, recentemente divulgado. João Carlos Roque foi o primeiro militar português que teve a coragem de quebrar o tabu da homossexualidade na guerra colonial portuguesa, contando em livro, na primeira pessoa, as suas memórias e as suas experiências desse período marcante. Em 2014, a INDEX ebooks teve a honra de poder publicar a 1ª edição desse livro histórico e extraordinário: "Ilha de Metarica: Memórias da Guerra Colonial". |
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Ano Novo é período de balanço! Estes são os nossos 10 livros mais vendidos em 2023. 1. Todo Teu, de Nuno Oskar 2. Dicionário de Literatura Gay 3. Amor entre Samurais, de Ihara Saikaku 4. O Bom Crioulo, de Adolfo Caminha 5. O Berloque Vermelho, de Silva Pinto 6. Os Jogos Lésbios os Os Amores de Joaninha, de Arsénio de Chatenay 7. Mulheres Perdidas, de Alfredo Gallis 8. O Sr Ganimedes, de Alfredo Gallis 9. O Corredor de Fundo, de Patricia Nell-Warren 10. Bella Donna, de Fabiula Bartolozzo Bom Ano de 2024 e boas leituras para todos os nossos leitores! Excelente artigo do Prof. Fernando Curopos sobre a invisibilidade a que a crítica condenou (e continua a condenar) a literatura licensiosa e erótica de produção nacional, nomeadamente a de carácter LGBTQ+, de suma importância para o estudo e compreensão da história e da cultura LGBTQ+. Leitura muito recomendada! Na imagem, a capa da 2.ª edição de "Os Jogos Lésbios ou os Amores de Joaninha" (1882) de Arsénio de Chatenay, o primeiro livro português de temática LGBTQ+, "uma obra extremamente singular no panorama da literatura europeia", segundo Curopos, cujo autor "nem sequer merece uma nota de rodapé" na história da literatura portuguesa". Adelino Pereira da Silva publicou em 1895 o primeiro estudo científico português sobre homossexualidade, A Inversão Sexual: Estudos Médico-Sociais, revelando grande ousadia pela enorme coragem que demonstrou ao abordar publicamente um assunto tabu à época. O tema da homossexualidade já havia sido abordado no surpreendentemente romance queer de Arsénio de Chatenay, Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha (1877), e anos mais tarde, no conhecido romance O Barão de Lavos, de Abel Botelho (1891), ambos editados na coleção Clássicos de Literatura Gay da INDEX ebooks, mas seria só em 1902, com sete anos de atraso em relação a Adelino Pereira da Silva, que Egas Moniz dedicaria à homossexualidade não mais que um capítulo da sua obra canónica A Vida Sexual. A leitura contemporânea de A Inversão Sexual, de Adelino Pereira da Silva, agora reeditado como o n.º 19 da coleção Clássicos de Literatura Gay, revela‑se de um interesse muito especial, por se tratar de um testemunho ímpar, filtrado pelo crivo da ciência, sobre os desafios que enfrentaram as pessoas LGBTQ+ na sociedade portuguesa em finais do século XIX. Alfredo Gallis foi um dos mais prolíficos autores portugueses na transição do século XIX para o século XX. Os seus romances naturalistas, retratando as “chagas sociais” contemporâneas, tais como o adultério, a prostituição, o alcoolismo ou a homossexualidade, estavam frequentemente impregnados de um erotismo suave e foram extremamente populares em Portugal e no Brasil, tendo sido sucessivamente reeditados até à década de 1940, altura em que mergulharam na escuridão e esquecimento. Na coleção de Clássicos de Literatura Gay, a INDEX ebooks tem vindo a reeditar as obras de Gallis, nomeadamente O Sr. Ganimedes (2014), Sáficas (2016) e, agora, Mulheres Perdidas (2023), não só pelo seu valor literário intrínseco, mas também por serem um documento histórico indispensável para a compreensão da vida, dos desafios e das provações que as pessoas lgbtq+ enfrentaram. Em Mulheres Perdidas, que teve a primeira edição em 1902, Alfredo Gallis debruça-se sobre a prostituição feminina e o lesbianismo. No proémio do livro, o autor faz um extenso enquadramento histórico, social e religioso do “problema” da prostituição, concluindo: “Este livro destina-se pois a traçar um detalhe do grande e miserando quadro da prostituição moderna em todos os seus primórdios e consequências, quadro que neste século é a mais suprema das afrontas que ofendem e empanam o brilho de todas as sociedades cultas que blasonam de possuírem uma civilização (...)” Amor entre Samurais, a primeira tradução em português do escritor clássico japonês Ihara Saikaku, destronou no 1.º lugar o best-seller erótico Todo Teu, com a recente edição do Dicionário de Literatura Gay a manter a terceira posição.
Obrigado aos nossos leitores! É com imenso orgulho que a INDEX ebooks anuncia a publicação de uma edição extensamente anotada do romance polémico de Abel Botelho, O Barão de Lavos, o volume 17 da nossa coleção Clássicos de Literatura Gay. Este romance pioneiro, que causou enorme celeuma à época por tratar um tema considerado inapropriado, a homossexualidade, é notável no estilo naturalista em que se insere e transformou-se um grande sucesso de vendas, com sucessivas reedições. “Era um amor estranho, dissolvente, enorme, de uma acuidade que fazia sofrer. Um misto extravagante de submissão e de império , de adoração e de lascívia, que prendia o barão àquele indivíduo do mesmo sexo por laços mais poderosos do que quantos nos serve a História como exemplos de ligação admirável entre homem e mulher.” (excerto) O Barão de Lavos (1891) é considerado um dos primeiros romances portugueses de temática LGBTQ+, depois do surpreendentemente queer Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha, de Arsénio de Chatenay, publicado em 1877.
No programa moderado por Carlos Vaz Marques, na SIC Notícias, João Miguel Tavares recomenda o nosso Dicionário de Literatura Gay, afirmando que "é extremamente interessante, não só para quem se interessa especialmente por literatura gay, mas também, como é o meu caso, para quem se interessa por história da homossexualidade." e concluindo: "Vale imenso a pena, é um arquivo excelente de conhecimento e de entradas, e eu recomendo!" |
novidades de literatura gay em português Imagem: detalhe de What I Believe, por Paul Cadmus, 1947-48
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