
É com enorme orgulho que anunciamos a reedição de Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha (1877), de Arsénio de Chatenay, um romance que aborda a temática da identidade de género e que será, possivelmente, o primeiro romance queer da literatura portuguesa, antecipando-se em mais uma década a O Barão de Lavos (1891), de Abel Botelho.
Joaninha, a personagem principal, é uma freira do convento de Barrô, por todas considerada muito bela, mas de uma beleza máscula, que a torna irresistível para as suas companheiras de clausura. Tomando consciência de que não é uma mulher, Joaninha consegue escapar-se do convento, veste roupas de homem e alista-se no exército. Agora já sob o nome de João Sem Terra, luta na guerra civil ao lado das forças liberais. A sua coragem e heroísmo ímpares, serão recompensados pelo próprio rei no dia em que finalmente celebra matrimónio com a sua apaixonada.
Fernando Curopos, o autor da extensa e esclarecida introdução, considera que na literatura finissecular (no naturalismo, como em Botelho, no decadentismo, como em Vila-Moura), o que sobressai é o patológico e a condenação dos atos contranatura, nunca o narrador aparece a defender os "perversos". Têm que morrer, como o Barão de Lavos, personagem do romance epónimo de Botelho, ou a Maria Peregrina, heroína do romance Nova Safo, de Vila-Moura, por serem seres abjetos. Joaninha, Raquel, Maria das Dores, e as outras "ribaldas" de Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha, acabam bem, e isso é que faz com que o romance, além de anticlerical, seja um texto eminentemente queer, o primeiro no que diz respeito à literatura em língua portuguesa.
Joaninha, a personagem principal, é uma freira do convento de Barrô, por todas considerada muito bela, mas de uma beleza máscula, que a torna irresistível para as suas companheiras de clausura. Tomando consciência de que não é uma mulher, Joaninha consegue escapar-se do convento, veste roupas de homem e alista-se no exército. Agora já sob o nome de João Sem Terra, luta na guerra civil ao lado das forças liberais. A sua coragem e heroísmo ímpares, serão recompensados pelo próprio rei no dia em que finalmente celebra matrimónio com a sua apaixonada.
Fernando Curopos, o autor da extensa e esclarecida introdução, considera que na literatura finissecular (no naturalismo, como em Botelho, no decadentismo, como em Vila-Moura), o que sobressai é o patológico e a condenação dos atos contranatura, nunca o narrador aparece a defender os "perversos". Têm que morrer, como o Barão de Lavos, personagem do romance epónimo de Botelho, ou a Maria Peregrina, heroína do romance Nova Safo, de Vila-Moura, por serem seres abjetos. Joaninha, Raquel, Maria das Dores, e as outras "ribaldas" de Os Jogos Lésbios ou Os Amores de Joaninha, acabam bem, e isso é que faz com que o romance, além de anticlerical, seja um texto eminentemente queer, o primeiro no que diz respeito à literatura em língua portuguesa.